segunda-feira, 16 de abril de 2018

CRÔNICAS DO MAR BÁLTICO (4): Helsinque (Finlândia)





Para começar, vou logo avisando: Finlândia não é país escandinavo, é nórdico. Nada de vikings por lá. Segundo nosso guia local, essa coisa de chifres é com os noruegueses, dinamarqueses e suecos. Se você sabia, parabéns. Eu não. Como também não imaginava que, para eles, o nome do país é completamente diferente: Suomi, que é também o nome da língua local.

Bem, vamos voltar um pouco para falar da travessia de Tallinn para Helsinque,    que leva cerca de três horas, bem mais rápida do que a que havíamos feito de Estocolmo para a capital da Estônia. Nesta também tivemos a simpática companhia de umas aves fofas, super acostumadas ao movimento dos barcos. Pousam sem cerimônia perto da gente.





A estada na Finlândia/Suomi foi curta. Fizemos um tour logo depois da chegada.  Visitamos a igreja Temppleliaukio, com sua interessante arquitetura, encravada numa rocha e cuja maior parte fica no subsolo. Com planta circular, a construção tem uma imponente cúpula formada por fios de cobre.  Os prédios da vizinhança também são bem interessantes, lembrando aquele antigo brinquedo de madeira de montar casinhas. 






Como não fui à Lapônia, o Papai Noel que deu para ver foi este.

Seguimos depois para o bonito Parque Sibelius, à beira do Mar Báltico, que homenageia o compositor finlandês Jean Sibelius. Durante o inverno o mar congela, devido ao baixo teor de sal. Uma escultura metálica é  atração que junta mais turistas ávidos por cliques e selfies. Em vez de disputar espaço, preferi usar o pouco tempo disponível para  andar um pouco pelo jardim.











No ônibus, passamos por pontos históricos da cidade, como a torre branca de 72m do Estádio Olímpico, criado para uma Olimpíada que não aconteceu. Por causa da 2ª Guerra Mundial, Helsinque iria substituir Tóquio como sede dos Jogos de 1940. Contudo, em 1939, Stalin invadiu a Finlândia. A capital de Suomi só iria sediar Jogos Olímpicos em 1952.




O governo atual é de centro-direita, mas os sindicatos são fortes e cerca de 70% trabalhadores são sindicalizados. Não há lei garantindo um salário mínimo, o valor fica a critério de recomendação dos sindicatos, estando atualmente em torno 1.600 euros. A carga tributária no país não é pequena e o imposto de renda, que é progressivo, pode chegar a 30%. As igrejas ortodoxa e luterana cobram imposto de seus frequentadores. O transporte urbano custa 3,20 euros e a tarifa é válida para uso no período de uma hora.

Conforme nos conta nosso guia, o país tem problemas de alcoolismo e desemprego entre seus 5 milhões de habitantes. Desde o século XII, era parte da Suécia, daí que 50% da população é sueca e por isso, além do finlandês (ou suomi), o idioma sueco é amplamente falado.

Como nação independente, a Finlândia é um país jovem. Quando de nossa visita, se preparava para celebrar os 100 de sua independência, conquistada em 1917.  O nome do bairro do Hotel Scandic Simonkenttä, onde nos hospedamos – Kampi – vem do campo onde ficou o exército russo. Um detalhe curioso: as palavras estrangeiras sempre terminam em “i”, como hoteli, turisti, parlamenti


Por sorte, a palavra para agradecer é fácil – Kiitos – e, além de falar para os locais, eu pude experimentar como é receber um “kiitos” quando segurei a porta de vidro do shopping para um casal com um carrinho de bebê passar. Como faltou aprender o “de nada”, apenas sorri em resposta.

Nosso guia diz que Suomi, com seus 188 mil lagos (11% do território) e 180 mil ilhas, é “água, floresta e granito”. Imagino que o país tenha muita coisa interessante a nos mostrar, e mesmo a não muito atraente Helsinque que vi, tenha também seus encantos. Um que gostaria de conhecer é o Café Ekberg, que funciona desde 1852. O nome evoca a atriz sueca Anita Ekberg, imortalizada nos anos 1960 por sua breve mas antológica aparição no filme La Dolce Vita, de Federico Fellini, banhando-se, com um vestido de noite, na Fontana di Trevi.  

Dei uma escapada no final do dia para comer alguma coisa. Cansada, sem falar a língua, já anoitecendo, e pensando na jornada do dia seguinte, fui ao shopping próximo ao hotel. Mais uma vez salva pelo inglês, fiz um lanche no Café Picnic e pedi outro pra levar para o hotel e garantir que não passaria fome à noite. Ai que saudades da minha comidinha caseira!
Vista da janela do Hotel
 No dia seguinte, seguimos para a estação de trem onde o Allegro nos levaria para a parte mais ansiada da viagem: a grande Rússia. давай (davái = vamos lá!).