quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

DIÁRIOS DA PARAÍBA 1: “paraíba de obra”




Nesses tempos em que o real e o virtual se confundem, viajar ganha um sentido a mais. Viajando, vemos (se temos os olhos atentos) de perto o que salta das telas de LCD que inundam nossas vidas. Vemos um Brasil em movimento. A expressão “paraíba de obra”* nunca fez tanto sentido.

Prédios altos e novas construções próximos à orla
O Brasil está em obras. Construções por toda parte. Os prédios, cada vez mais altos, sobem em cada esquina. A cidade de Recife, por exemplo, vista do alto, parece um paliteiro. Em João Pessoa não é diferente, guardadas as proporções. Uma Paraíba de obras.

Não vamos empreender uma cruzada contra o crescimento – econômico ou de prédios – mas é preciso repensar esse crescimento, em vários sentidos. No caso do cimento/tijolo, como as cidades estão tratando seus moradores? Estão mais humanas, favorecendo a sociabilidade? Os engarrafamento, a poluição (sonora, visual, do ar) nos dizem que não.

A administração de João Pessoa, sabiamente, limitou em 4 andares as construções na orla. As que excedem este limite – creio que apenas três – são antigas. Há também muitas casas, ainda (tomara que para sempre) nas Avenidas Almirante Tamandaré e Cabo Branco. O sol dos banhistas está garantido até o final do dia. A ventilação e a leveza da paisagem também.

Hotel Tambaú Tropical avança pela areia da praia
Uma construção antiga que destoa totalmente da paisagem da mais badalada praia da cidade é o Hotel Tropical Tambaú, um monstrengo inaugurado em 1971. Apesar de ser o hotel de luxo da cidade, onde se hospedam artistas e políticos famosos, o prédio é extremamente feio por fora, nem mesmo um jardim enfeita a parte externa que dá para a Avenida Tamandaré e que mais parece um túmulo gigante. 


Não entrei no hotel, mas fui conferir a parte que dá para a praia – ele literalmente invade a praia – e o que a gente vê não agrada nadinha. Lembra aquele ditado, ao contrário: “por dentro bela viola, por fora pão bolorento”. Não sei não, mas acho que daqui a alguns anos vão acabar implodindo ou reformando o Tambaú Hotel não apenas por questões estéticas, mas para se adequar às normas ambientais.
Praia de Tambaú, vista do terraço do Hotel Corais

          
Praia de Tambaú, o Cabo Branco ao fundo, ponto mais oriental da América

 João Pessoa não é o destino mais procurado pelos cariocas (e, talvez, turistas em geral) que vão ao Nordeste. Os próprios guias brincam dizendo que João Pessoa é a última cidade que os turistas visitam no Nordeste. Mas a capital paraibana pode ser uma ótima opção para quem viaja rumo ao sol. Além de belezas naturais, os preços são mais convidativos. E o povo esbanja simplicidade e simpatia.


João Pessoa by night, show com música, danças, humor
A partir desta, vou compartilhar com vocês, em algumas postagens, os lugares bacanas por onde passei na Paraíba, terra bonita sim senhor!
 

*Jeito carioca de nomear os trabalhadores da construção civil, em sua maioria nordestinos. Tal como chamamos de “Feira dos Paraíbas” a Feira Nordestina de São Cristóvão, querida e muito freqüentada pelos cariocas. Na verdade, as grandes cidades devem muito a esses trabalhadores que, deixando sua terra, ajudaram – e ainda ajudam – a construir as metrópoles.

Nenhum comentário: