sexta-feira, 30 de setembro de 2011

"O MALHO" NA REDE


A Fundação Casa de Rui Barbosa disponibiliza em seu website sua coleção da Revista O MALHO, totalizando 576 fascículos, do período de 1902 a 1911, havendo também edições dos anos 1918, 1919, 1935 e 1952.

A FCRB informa que todos os fascículos foram restaurados, digitalizados e indexados segundo uma criteriosa seleção, que destacou capas, editoriais, charges, propagandas.

Link: http://www.casaruibarbosa.gov.br/omalho/?lk=50#

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

A PERDA DE UMA CRENÇA

Por algum motivo, lembrei-me hoje de um texto de Arthur Koestler (1905-1983) que nos foi passado como exercício no curso de Especialização de Tradutores do (já falecido) professor Daniel Brilhante.

Considero este texto bastante interessante e sempre oportuno. Crenças e posições ideológicas à parte, qual de nós nunca se sentiu em tal situação?

A PERDA DE UMA CRENÇA (Arthur Koestler / tradução T.C.Fazolo Freire)

A entrada de uma crença na vida de uma pessoa é um acontecimento aparentemente espontâneo, como uma borboleta eclodindo de seu casulo. Mas o fenecer da crença é lento e gradual; mesmo após o que parece ser o último adejar das asas cansadas, há ainda uma débil convulsão.

Toda crença verdadeira mostra esta obstinada recusa em morrer, seja seu objeto uma religião, uma causa, um amigo ou uma mulher. O natural horror ao que é vão aplica-se também à esfera espiritual. Para fugir do vazio ameaçador, o verdadeiro crente não hesita em negar as evidências de seus sentidos, em desculpar qualquer decepção, tal como um marido traído dos contos de Boccaccio. E se a ilusão não pode mais ser preservada em sua integridade original, ele irá adaptar e modificar sua forma ou tentará salvar pelo menos parte dela.

Sala Escura: CONFIAR





CONFIAR se enquadra bem no modelo de sociedade que se estruturou, especialmente nos EUA, a partir dos ataques terroristas das últimas décadas e da deflagração da chamada guerra ao terror. Uma sociedade permanentemente vigiada e em vigilância, cercada de perigos invisíveis. Partindo de um tema constante na mídia, a pedofilia e o uso da internet para sua prática, David Schwimmer constroi um filme que tem pontos altos e outros nem tanto.




Está lá o conflito entre pais e filhos, assunto recorrente em filmes norteamericanos, em que ambos os lados desfiam cobranças e sentimento de culpa e as fronteiras entre liberdade e autoridade estão em permanente tensão. Embora, neste caso, a família de Annie seja bastante unida e equilibrada. Mas o diretor acerta ao abordar – ainda que de forma meio didática – as contradições de uma sociedade que considera normal exibir adolescentes seminus na publicidade e, por outro lado, se escandaliza ao saber que eles têm interesse por sexo.




Outro ponto que o diretor coloca, ainda que timidamente, é o entendimento de que estupro pressupõe violência, ou seja, se houve sedução e não houve agressão, ainda que a vítima seja uma menina de 14 anos, o estupro é minimizado e o criminoso olhado com alguma condescendência.


A ideia de exibir na tela o texto que a garota Annie digita na troca de mensagens com o suposto jovem Charlie é uma opção interessante para inserir o espectador no “universo paralelo” em que Annie mergulha enquanto outras ações simultâneas se sucedem no filme. É o retrato do que vemos diariamente: pessoas conectadas o tempo todo.


Schwimmer não procura discutir as motivações que levam uma garota a se envolver com um homem desconhecido – ou que ela julga conhecer – mesmo constatando que ele mentiu seguidamente. Talvez a necessidade de se auto afirmar, de se sentir inserida num grupo de garotas mais liberadas, de por à prova sua sexualidade e sua capacidade de sedução. O que o filme parece propor é que o perigo ronda nossas famílias e pode vir dos lugares e pessoas mais insuspeitos. Ou seja, tal como os escoteiros, é preciso estar sempre alerta.




CONFIAR (Trust) – EUA, 2010



Direção: David Schwimmer


Elenco: Catherine Keener, Clive Owen, Liana Liberato



Duração: 105 min.



Classificação: 14 anos



Site Imagem Filmes:


http://www.imagemfilmes.com.br/imagemfilmes/principal/filme.aspx?filme=148130

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Sala Escura: PRONTA PARA AMAR






Mais um filme cheio de amor no título chega às telas, ainda que o título original seja A little bit of Heaven (Um pedacinho do Céu). A história não é nada original: Marley (Kate Hudson) é uma garota bem sucedida na vida profissional, desinibida (ou, na linguagem da moçada, “pega geral”), que não quer se envolver emocionalmente com homem algum. Suas relações não duram até o dia seguinte. Na verdade, prefere mesmo dividir a cama com um macho de quatro patas. Isso até conhecer um médico que (como diz sua fiel amiga) só existe em seriados de TV. As circunstâncias desse encontro – uma grave doença – vão levá-la a viver com ele uma relação de extremos, de ganhos e perdas.

Ainda que repita velhas e conhecidas situações, como conturbadas relações familiares, o filme tem algum frescor ao tratar com um jeito leve um tema que costuma ser retratado de modo dramático e mesmo trágico. Mas, por outro lado, não consegue ser tão convincente assim, resvalando no didatismo e desfiando situações previsíveis. A presença de Whoopi Goldberg como Deus, ou o que Marley entende por Deus, pretende conferir alguma graça e talvez um tom de fantasia ao longa, mas acaba servindo mesmo para nos lembrar de Morgan Freeman e Jim Carrey como o Todo Poderoso.



Kathy Bates e Gael García Bernal cumprem bem seu papel, cabendo à veterana atriz as cenas mais marcantes do filme. O galã mexicano talvez peque pelo excesso de timidez, mas isso deve ser debitado mais ao perfil do próprio personagem do que à atuação de Gael. Certamente tanto Kathy como Gael já tiveram ocasiões bem melhores para mostrar seu indiscutível talento.

Há alguns (poucos) bons diálogos, algumas sequências poéticas, como quando Marley, em seu processo de amadurecimento face à iminência da morte, passa a observar os detalhes que nos escapam no dia a dia. Os sons e ritmos de New Orleans e algumas locações interessantes dão um toque de charme ao longa. Enfim, não é um filme indispensável, como o tratamento quimioterápico para quem tem câncer, mas pode ser tomado como um chazinho caseiro, sem maiores contra-indicações, a não ser uma possível sonolência.

PRONTA PARA AMAR - EUA, 2010
Título inglês: A Little Bit of Heaven
Direção: Nicole Kassel
Elenco: Kate Hudson (Marley Corbett) - Kathy Bates (Beverly Corbett) - Gael García Bernal (Julian Goldstein) - Whoopi Goldberg (God)
Duração: 117 min
Classificação: 12 anos
Site: http://www.imagemfilmes.com.br/imagemfilmes/principal/filme.aspx?filme=148133


quarta-feira, 7 de setembro de 2011

PÓS MODERNA IDADE




Tentando dar uma sacudida no blog, depois de longas semanas sem conseguir acessá-lo, vai aqui um texto poético escrito num longínquo 1977, quando nem sabia que existiam expressões como "pós-modernidade" e afins.


Andando pelas ruas nesse século XXI, com alguns (muitos) anos a mais na bagagem, me parece que não evoluimos (ou até involuimos).







MODERNA IDADE

Nos sinais das ruas

Paramos e nos olhamos,

Desconfiados e agressivos,

Não trocamos sorrisos,

Não nos dizemos “bom dia”,

Nossa boca se fecha num NÃO.

Nos bares e nas esquinas,

Apressados nos esbarramos,

Não nos desculpamos,

Não cedemos a vez,

Não nos dizemos “bom dia”,

Nossa boca repete o NÃO.

Nos elevadores frios,

Silenciamos vazios

De palavras e plenos

De pensamentos e medo

De ver transposto o muro

Que esconde do mundo

Nossa verdade.

Não nos olhamos nos olhos,

Nossa boca se cala num NÃO.

Assim é você e sou eu

Frutos prematuros de um novo tempo

Que sufoca e devora

Sua própria criação.

Nossa boca confessa nossa omissão

Pois só sabe dizer e calar

Na forma do NÃO.


FOTO: Tirada em Valença-RJ em abril 2008 ("Hoje estou em pedaços / tijolo, pedra e chão / o rumor dos seus passos / espantou solidão")

Olá, amigos que eventualmente me visitem. Estou tendo problemas para acessar o blog por conta de contas conflitantes no Google.

Já tentei resolver o problema, mas não estou conseguindo e meu provedor (que é @nextcon, mas é powered by Google) não consegue me ajudar.

Enfim, consegui acessar agora, depois de muitas tentativas. Vou tentando, de vez em quando, até esse imbroglio se resolver. Vamos ver...

Abraços.